quarta-feira, 20 de março de 2024

Pescadora Joana Mousinho é homenageada com o Prêmio Mulheres das Águas, em Brasília

Prêmio concedido pelo MPA homenageia mulheres que se destacaram em 7 categorias da pesca artesanal e da aquicultura



A pescadora pernambucana Joana Mousinho foi uma das 7 mulheres homenageadas pela 1ª edição do Prêmio Mulheres das Águas, iniciativa do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), que busca dar visibilidade, reconhecimento e fortalecer o protagonismo feminino nos meios pesqueiro e aquícola. A premiação foi entregue às ganhadoras na noite desta terça-feira, 19 de março, em cerimônia com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Hotel Royal Tulip, em Brasília. Joana foi a ganhadora da categoria Pesca Artesanal em Águas marinhas.

"Vocês representam mulheres marisqueiras, indígenas, quilombolas, caiçaras, ribeirinhas, pantaneiras. Mas, também, mulheres gestoras, pesquisadoras e líderes. Empreendedoras. Mães. Mulheres que têm nas mãos, no olhar e na sabedoria os rumos de uma atividade, de uma comunidade, de uma família”,  falou o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

A premiação reconhece e homenageia mulheres que se destacaram em ações e trabalhos nas áreas de pesca e aquicultura, promovendo sustentabilidade, justiça social, respeito aos territórios e dignidade humana. Foram recebidas 149 histórias inspiradoras de protagonistas do setor em 23 estados, além do Distrito Federal.

A história da pescadora Joana Mousinho se destacou dentre as centenas de narrativas apresentadas para concorrer ao Prêmio. Joana foi a primeira mulher pescadora a ser presidente de Colônia de Pesca no Brasil, no ano de 1989, e está entre as primeiras mulheres que conseguiram, na década de 80, o Registro Geral da Atividade Pesqueira, documento que até então era apenas concedido aos pescadores artesanais homens. Ainda em 2006, Joana participou da criação da Articulação Nacional das Pescadoras (ANP).

O reconhecimento pela sua trajetória deixou a pescadora emocionada. “Eu estou me sentindo feliz, emocionada e dizendo que não esperava que fosse tão lindo. O melhor é saber da alegria das pescadoras que estão enviando mensagens de parabéns para mim”, comemora Joana.

Na ocasião o governo anunciou também as assinaturas de cooperações entre ministérios para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para as pescadoras artesanais. O ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, e a ministra da Saúde, Nisia Trindade, assinaram um protocolo de intenção para o desenvolvimento de um programa de saúde integral para as Mulheres das Águas.

Também foi assinado como parte das ações para as pescadoras, junto com a ministra das mulheres, Cida Gonçalves, o Acordo de Cooperação Técnica (ACT) “Mulheres pescando autonomia e igualdade”. O acordo tem por objetivo fortalecer as organizações de pescadoras artesanais por meio de políticas públicas que estimulem a produção e promovam a valorização do trabalho.

Para a pescadora Joana, mais do que o prêmio, a sua expectativa é que os projetos anunciados melhorem as condições de vida das pescadoras artesanais, atendendo pautas históricas dos movimentos. “Eu espero que as coisas mudem para melhor em ralação a saúde das pescadoras e dos pescadores. Também espero que os Territórios Pesqueiros sejam reconhecidos e que as emissões das carteiras de RGP e de recebimento dos benefícios do INSS sejam resolvidos”.


Matéria construída pela Assessoria de Comunicação da ANP, com fotos e informações da Agência Gov 


quinta-feira, 7 de março de 2024

Conheça a história de Joana Mousinho, uma das ganhadoras do Prêmio Mulheres das Águas

 Em março, o MPA irá receber as sete ganhadoras do prêmio e prestar homenagem em reconhecimento às suas valiosas contribuições ao setor pesqueiro e aquícola

Publicado originalmente no site do Ministério da Pesca e Aquicultura em 29/02/24. Ver página original aqui.                                                                                                                                                                                

No próximo dia 19 de março, o Ministério da Pesca e Aquicultura irá homenagear as ganhadoras do 1º Prêmio Mulheres das Águas. As vencedoras se destacam por apresentar trajetórias de vida conectadas à atividade pesqueira, promovendo a sustentabilidade, respeito aos territórios pesqueiros, dignidade humana e justiça social.

Embarcamos nas histórias de cada uma dessas mulheres e hoje apresentamos Joana Mousinho, pescadora artesanal da cidade de Itapissuma (PE). Indicada ao prêmio na categoria de pesca artesanal em águas marinhas pela Articulação das Pescadoras de Pernambuco, Joana é a primeira pescadora brasileira eleita presidente de uma colônia de pesca - Itapissuma (PE) em 1989.

Joana também foi uma das fundadoras da Articulação Nacional das Pescadoras (ANP). Atualmente com 67 anos, sua história com a pesca artesanal surge na infância. De família tradicional pesqueira, ela se destaca na luta pelo reconhecimento das mulheres pescadoras, direitos sociais, na defesa do meio ambiente e pela saúde das mulheres na atividade.

A cidade de Itapissuma liderou a luta para que as mulheres tivessem o reconhecimento como pescadoras artesanais e foram as primeiras no Brasil a ter o Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP).

Em ligação com Joana, para comunicá-la da premiação e convidá-la à cerimônia de homenagem do prêmio - que será realizada em Brasília - DF, o Ministro André de Paula destacou que a categoria em que a pescadora concorreu foi a mais disputada, com 54 mulheres inscritas, “Pode acreditar que as 54 inscritas se sentiram representadas por você ter sido a escolhida. Sua trajetória na defesa das pescadoras e do nosso território é belíssima, sendo a primeira mulher a presidir uma colônia de pescadores no Brasil. Você é um farol que inspira essa nova geração que entra na pesca!”.


quinta-feira, 27 de outubro de 2022

ENTREVISTA COM RAQUEL SILVA

A COORDENADORA DA ARTICULAÇÃO NACIONAL DE PESCADORAS (ANP) FALA SOBRE O PAPEL DAS MULHERES NA PESCA ARTESANAL E AS ESTRATÉGIAS CRIADAS POR ELAS PARA CONTINUAREM SOBREVIVENDO DESSA PRÁTICA.


Publicado originalmente no site Blogueiras Negras | 27/10/2022

As pescadoras artesanais possuem um papel fundamental na segurança alimentar e na preservação dos territórios de suas famílias e comunidades. Nossa coordenadora de tecnologia Charô Nunes entrevistou a coordenadora da Articulação Nacional (ANP) de Pescadoras e educadora popular em saúde, Raquel Silva, sobre o papel das mulheres na pesca e as estratégias criadas por elas para continuarem sobrevivendo dessa prática diante de tantos ataques às comunidades pesqueiras e ao meio ambiente.

De acordo com um estudo realizado por pesquisadoras do Laboratório de Ecologia Humana (Labeh – CB/UFRN) com líderes de colônias e associações de pescadores das cinco regiões do Brasil, dos quase um milhão de pescadores artesanais, um terço são mulheres. As mulheres estão presentes nas atividades pré e pós-colheita do pescado, participando de toda cadeia produtiva da pesca, além de serem protagonistas nas mobilizações para garantia dos direitos da população pescadora.

Durante a entrevista, Raquel reforça a importância da valorização do papel feminino na pesca e relata os riscos vivenciados por essas mulheres cotidianamente diante de tantos crimes ambientais, das diversas ausência de políticas de apoio e proteção nos territórios de pesca e da chegada devastadora dos parques eólicos. Confira a entrevista em vídeo e texto!


BN: Raquel, você poderia nos explicar como a mulher está inserida na pesca artesanal?

Raquel Silva: A pesca artesanal ela é uma atividade pesqueira que as mulheres fazem tanto quanto os homens, então nós também temos mulheres pescadoras. Pescadoras de maré, pescadoras de engarape, pescadoras de mar aberto. Então a pesca artesanal é uma atividade pesqueira que as mulheres também estão inseridas dentro dela, tanto quanto os homens pescadores.


BN: Quem são essas mulheres que participam da pesca?  

Raquel Silva: São diversas mulheres. A gente tem mulher negra, a gente tem mulher descendente de indígena, a gente tem mulher quilombola. São diversas mulheres que fazem parte dessa atividade.


BN: Sabemos que as mulheres pescadoras estão organizadas, mas explica um pouco dessa organização e quais pautas vocês geralmente discutem?

Raquel Silva: As mulheres da pesca, elas se organizam na base. Na base, dentro das suas comunidades, né? Fazemos rodas, atividades de trabalho e há uma organização nesse período de cada, essa é a organização das mulheres. Elas fazem o trabalho de organização, discutindo as políticas públicas para mulheres. Onde as mulheres têm a certeza de onde elas precisam estar, e é um processo de discussão. Elas discutem sobre saúde, sobre a educação, sobre política. Todas as políticas são discutidas ali naquele espaço, e nas rodas também, nas atividades. Daí a gente tem os nossos momentos nacionais, em que a gente leva todas as demandas. Daí sai também outras demandas desses encontros para que a gente possa estar trabalhando nas comunidades, fortalecendo as mulheres e dizendo para elas que elas podem estar onde elas quiserem estar.



BN: Desde quando a mulher pesca? Fala um pouco dessa luta pelo reconhecimento.

Raquel Silva: A mulher pesca desde sempre. Desde muito tempo, dos indígenas, as mulheres elas já eram pescadoras, entendeu? A atividade pesqueira é uma atividade muito antiga e aí o reconhecimento, a gente trabalha para ter o reconhecimento constante. É uma luta muito grande, a mulher ser reconhecida como pescadora. Inclusive foi criada uma Lei para a pesca artesanal, integrada a outro tipo de pesca também, que a mulher está invisibilizada nessa lei. Recentemente, nós fizemos um trabalho com uma organização, fazendo a revisão dessa Lei. E aí nós descobrimos nesse trabalho que a Lei da pesca, a mulher não está inclusa nela. A pescadora é considerada como apoiadora. Então o governo não levou em consideração que o beneficiamento é um tipo de pesca, não levou em consideração que a mulher morar na região pesqueira, ela é uma pescadora. Isso não significa que, eu não moro numa região pesqueira, não sou uma pescadora. Eu sou uma pescadora, porque meu pai foi pescador, minha mãe foi pescadora, meu irmão é pescador. Eu posso não estar exercendo, mas eu moro numa comunidade pesqueira.


BN: Uma das lutas das mulheres pescadoras também é a defesa dos territórios. Explica um pouco desse papel e quais os atuais riscos neste enfrentamento.

Raquel Silva: As mulheres são responsáveis por 80% dessa parte da defesa do território. Elas são as principais atuantes na defesa do território. Porque ela cuida do ambiente onde ela está, no ambiente que ela planta, ela colhe, entendeu? A mulher, ela não vai só para o mar pescar e retirar. Ela tem todo um cuidado. Nós somos mulheres, a gente entende que a mulher tem todo esse cuidado de estar tratando aquele espaço como sagrado, como seu. Algo que você poderá usufruir em outros momentos. E outras pessoas virão para usufruir daquilo ali. A mulher ela é a pescadora, ela é a responsável por estar cuidando de todo o território ameaçado. Inclusive as ameaças são constantes né? Dos grandes empreendimentos nas comunidades. Aqui no Brasil, em vários lugares, a gente vê falar nessa economia que está vindo aí agora, uma economia azul, que azul é uma energia limpa dentro das comunidades, aí a gente faz aquela dita pergunta: limpa para quem? Porque nós já recebemos a primeira invasão da energia eólica na terra, e deixou vários problemas que até hoje perduram nas comunidades, isso chegou matando lagoas, aterrando lagoas, desmatando mangue, acabando com as frutas típicas da nossa região, caju, murici, esse tipo de fruta a gente não vê mais com constância como a gente via antes. Então, a pescadora ao passar pelo caminho da pesca, vem percebendo e já percebeu que esse tipo de empreendimento que chega na comunidade ele não é bom, ele é ruim. E aí agora vem a economia azul que é a energia eólica no mar. E aí dentro do mar a situação é ainda mais agravante, porque restringe área de pesca. Peixe não gosta de barulho, as espécies vão desaparecer, gente vai vivenciar um processo daqui a algum tempo, se isso ocorrer, em que a gente não vai achar pescado fresco para se comer na feira, porque os pescadores vão começar a pescar e a estocar para poder vender. E aí a matéria prima fresca, a gente vai ter uma escassez muito grande. E isso acarreta sérios problemas de saúde, problemas mentais, psicológicos, porque aquele aerogerador, ele faz um barulho muito grande próximos das casas, as pessoas não conseguem dormir, ele derrama óleo, ele tem vários tipos de problemas que ocorrem nas instalações nessas usinas. E aí as empresas instalam, ficam recolhendo só os frutos, porque é a energia que nem no território fica, e os destroços ficam para as comunidades.


BN: Então essa energia não é tão limpa como eles dizem que é, certo?

Raquel Silva: Não. A energia dentro do gerador, para quem recebe, deve ser limpa. Porque a sujeira fica na comunidade. A gente já tem relatos que no Rio Grande do Sul, na maior lagoa que tem no Rio Grande do Sul, a Lagoa dos Patos, ela vai ter um posto de usina eólica. Imagina isso dentro de uma lagoa, o que isso não vai causar? E aí vai começar no mar, e no mar os problemas são bem maiores do que na terra, ou iguais, eu acredito que iguais.


BN: Além desses efeitos dos parques eólicos, que já são muitos danosos, como o lixo deixado nas comunidades e o sumiço de algumas espécies de peixe, que outros problemas impactam a vida das comunidades pesqueiras e a economia da pesca artesanal?

Raquel Silva: O impacto é muito grande. É como eu acabei de citar. O pescador vai ter que estocar e acumular pescado para poder vender. Porque vai haver uma escassez. Porque o peixe não gosta de barulho, e o pescador que pesca em alto mar, a cinquenta milhas, o pescador não vai conseguir, entendeu? Elas estão instaladas bem próximo das áreas de pesca. Outras, dentro das áreas de pesca. E aí isso é um impacto muito grande. A questão da escassez, quando tem a escassez de alimento vem a fome. Nós estamos passando por um processo agora, esse da pandemia, já tivemos a chegada do petróleo nas praias que foi também um dos impactos muito grande, que agora dia 30 de agosto fez 3 anos do crime do petróleo. Aí veja só como a comunidade pesqueira está bem impactada. O petróleo teve um impacto na economia de geração de renda, pandemia teve um impacto e continua tendo, porque a pandemia não acabou, na geração de renda, aí agora vem essa economia azul né, economia no mar, que também vai gerar um impacto na geração de renda, isso tudo nas comunidades pesqueiras, entendeu? Então o impacto é muito grande, principalmente para as mulheres, porque as mulheres são responsáveis, como eu já falei, por 80% da renda do território pesqueiro, aí o quê que ocorre, 80% para cuidar e 80% para gerar renda, quando tem um impacto como esse, cai consideravelmente. Como teve muita marisqueira, muita pescadora que sofreu com todos esses impactos e continuam sofrendo até hoje com todos esses impactos. Problema psicológico, problema financeiro, a fome, tudo isso a gente enfrentou no território pesqueiro e vem enfrentando.


BN: Como a sociedade pode apoiar as demandas das pescadoras e pescadores e quais as soluções que você acredita que são viáveis para enfrentar esse cenário devastador, que coloca em risco a vida de pessoas que vivem da pesca e territórios pesqueiros?

Raquel Silva: Nós estamos vivendo numa democracia, e que a gente está querendo colocar ela em prática, a gente estudou bastante esses últimos dias o que é democracia, eu acho que o primeiro caminho é a gente saber o quê que a gente está fazendo agora, saber o que a gente vai fazer daqui a 30 dias, né? Enquanto coletivo, é agir com muita articulação com as comunidades, a gente chamar a comunidade pesqueira, chamar o pescador, a pescadora e mostrar, e falar, e articular e trabalhar com que a gente consiga fazer com que o pescador e a pescadora eles criem uma resistência maior contra outros impactos que estão por vir. Isso não significa a gente mudar apenas o cenário político. Porque mudar o cenário político não significa que a nossa vida vai mudar num estalar de dedos, não vamos ter essa ilusão de que tudo vai se acabar, nossos problemas vão se acabar, os impactos vão parar de acontecer, as retiradas de direitos vão parar de acontecer, porque isso não vai. Isso é um trabalho constante, que eu acho que a gente está aqui enquanto movimento é para travar mesmo essas lutas e lutar por isso e isso está no sangue e a gente tem que seguir o fluxo dessa forma. Eu acho que se não existissem as lutas, não existiriam os movimentos.


BN: Agradecemos demais em nome de todas as Blogueiras Negras, e de todo o pessoal que vai ver esse seu relato. Como podemos encontrar o seu movimento, encontrar a articulação de vocês na internet e nas redes sociais?

Raquel Silva: Bem, a ANP Piauí ela tem um Instagram, recentemente feito pela gente né, nós estamos com um Instagram, se chama ANPPI. A ANP nacional tem um blog e é só clicar lá. E o MPP ele tem um Instagram, o MPP Piauí tem um Instagram e o MPP Brasil também tem um Instagram. A gente está lá inserido nas atividades do MPP. As mulheres estão lá.


BN: Fazendo a diferença!

Raquel Silva: Fazendo a diferença!

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Sobre Raquel Silva: Coordenadora da articulação nacional das pescadoras, representando o Piauí e representando nacionalmente a ANP. É formada em Educação Popular em Saúde e atualmente é educadora popular em seu município.


Acesse o blog da Articulação Nacional das Pescadoras

Instagram do Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP)

 

 Equipe de redação:

 Gravação e Entrevista: Charô Nunes

 Edição audiovisual: Renata Dorea

 Edição escrita: Wellington Silva

 Revisão: Viviane Gomes

quinta-feira, 14 de julho de 2022

 


                        ENCONTRO ESTADUAL DAS PESCADORAS DE PE-ANP

Data:11 a 13 de julho de 2022

Objetivos: Analisar a conjuntura política, Regatar e registrar a história de luta das pescadoras; Fortalecer a ANP e as Bandeiras de lutas..

Participaram 45 mulheres. 



                REGRISTRO DA HISTÓRIA DE LUTA DAS PESCADORAS DE PE.































RESULTADOS:

Mais 3 municípios entra na ANP: Ipojuca, Tamandaré e Recife.

Coordenação ANP em Pernambuco: Litoral Norte: Gerusa e Joana -Litoral Sul: Cícera e Sandra -Sertão e Agreste: Maria da Guia -Metropolitana: Cris -Nacional: Joana e Mirelly

Esse momento foi de reencontro, fortalecimentos das mulheres, afirmação de agenda coletiva. 

Apoios: CPP\NE, SOS CORPO e FASE



segunda-feira, 20 de junho de 2022

 


TRABALHO DE BASE DA ANP PE- ITAPISSUMA -15\06\2022

Roda de Conversa com as Pescadoras

Apoio: CPP\NE e SOS Corpo










trabalho em grupo





 




Encontro Nacional da Articulação das Pescadoras


Data:07 a 08\06\2022

Local: Recanto dos Pescadores- Olinda -PE

Tema: Na Luta e Pesca Mulheres Construindo Direitos!

1.      Situação Política e Pesca- leitura da realidade

 


Em RN apesar ter eleito uma mulher para governo do estado e ser de esquerda falta politica para apoiar pesca . A aliança com o centrão o estado perdeu. Falta ação para as mulheres, foi uma decepção. Só contamos com apoio de deputada Natalia Benevides-Dep. Federal.

Ceará – tem acesso ao governador, mas o governo dar com uma mão e tira com a outra. Luziane não fez nada . Na pandemia o governo fez boa ação.

Em PE a situação não é fácil, o governo não ajudou na pandemia não fez nada para fortalecer a pesca.

Na BA, no caso do petróleo mais a pandemia o  povo que vivia com fartura passou a viver sem comida, a prefeita ajudou com uma cesta básica. Não tivemos como pagar agua e energia.  O governo de Rui Costa é de esquerda com perfil de direita, não se comprometeu com a pesca artesanal . Não tivemos apoio das prefeituras. Fizemos projeto para consegui cestas básicas .

O governo do Maranhão não tem projeto nenhum para pesca. O pescador quando se aposenta o representante das colônias faz para que tirem R$15.000,00 de empréstimo que fica para o presidente da colônia e pescador paga por 7 anos.

Em SC, o governo deu auxilio de 4 meses , mas descontou no seguro defeso . Com a enchente abriu a barra da lagoa.

Em MG, o pescador artesanal está passando por muita; dificuldade de tirar a carteira, passando necessidade de comida, conflito pelo território pesqueiro.

NO AM, o governador não tem política publicas para a pesca, principalmente para as mulheres, mesmo tendo uma secretaria de mulher, mas nada faz. Na pandemia chegou cesta básica.

Com o avanço das águas do mar no rio faltou agua doce para beber. Não houve doação de água para as famílias.

O governo federal enfraqueceu os movimentos de mulheres. dificuldade com a situação financeira, também de receber o seguro defeso por causa das carteiras- só com o protocolo não recebe

No PR, O conselho estadual de povos indígenas e comunidades tradicionais na pandemia conseguiu ajudar com cestas algumas comunidades, mas teve comunidade que não recebeu ajuda.

 

 

2. Oficina sobre Rodas de Conversas sobre a Vida das mulheres:   Coordenada por Analba Brazão Teixeira- SOS Corpo

Com objetivo de repassar uma metodologia e instrumento que ajude as lideranças trabalhar nos estados. O primeiro instrumento foi construído no contexto da Pandemia trabalha 4 temas centrais em grupo com  perguntas, e refletir sobre como está a vida das mulheres no seu território ou categoria: 1. pobreza e fome; 2. violência; 3. trabalho precário e desemprego; 4. acesso à saúde

Depois  diante do que foi levantado é refletir  COMO ENFRENTAMOS TUDO ISSO? – 30 minutos - Na roda, quem estiver coordenando pede para virar o cartaz e todas olharem as figuras do lado que tem o título PARA A VIDA MELHORAR, TEMOS QUE NOS ORGANIZAR;

Neste momento houve trabalho em grupo para que todas aprenda trabalhar nas suas bases



Grupo Pobreza e Fome:

O Crime do petróleo colou com a pandemia , foi deficil de suportar. A mãe  que estava em situação critica com 4 filhos para cuidar, medo de não ter o que comer, só tinha o marisco. Tem outras formas de fome e muitas foram buscar refugio na bebida. ¨ Carolina Maria de Jesus¨já falava que havia famílias que levantavam tarde porque não tinha o que comer. Assim diminuía as refeições.

É preciso fortalecer a corrente do bem para acolher as companheiras – sopa solidarias ....

O medo do adoecimento , teve mulheres que não recebeu o auxílio  emergencial

Grupo de trabalho precário e desemprego:

Perda dos territórios pela existência dos grandes projetos econômicos; alta jornada de trabalho (pesca, cuida das crianças, participar das organizações comunitárias...); politicas publicas emergenciais não tratam as questões estruturais que impactam a vida das comunidades pesqueiras; territórios adoecidos; burocracia dos órgãos de regularização fundiária, não reconhecem os territórios tradicionais; falta de apoio a  projeto sustentáveis para pesca artesanal; o machismo nas estruturas organizativas da pesca e também nas empresas capitalistas; violências e desigualdades de gênero; pescadoras não são reconhecidas como trabalhadora .E sim como ajudante, se faz necessário afirmação da identidade da pescadora artesanal.

Grupo Acesso a saúde:

SUS sucateado- mais temos que dizer não a privatização; falta especialistas nos postos de saúde;  adoecimento do corpo da mente; o adoecimento das aguas ,petróleo, mineradoras, esgotos. O Rio São Francisco cheio de peixe morrendo, o povo não compra o peixe com medo da contaminação ; luta pela vacina por causa da negação do governo;

Grupo da Violência:

Os auxílios emergencial alimentou a violência pelos homens que não recebeu o auxílio; diversas formas de agressões verbais que diminui a companheira , muitas vezes para atingir as mulheres as agressões são com os filhos, o homem não aceita que a mulher ganhe mais que ele; a maioria não são marido e sim encosto; a violência que leva a dependência emocional e psicológica ; racismo, feminicídio esta mais forte nesse contexto politico . 

Normalmente neste grupo surge depoimentos de violência , é fazer um pacto de entre as participantes para não comentar e não gravar na comunidade o que for falado nem  registrar para garantir a privacidade das mulheres. Normalmente de ser acolhida com respeito solidariedade.

Desafio: levar mais conhecimento as mulheres

Ao final da apresentação dos grupos as animadoras fazem uma contribuição com os principais pontos e abre para debate. Por que aumento da fome? Porque o SUS está sucateado; por que o aumento da violência?  E muito importante a reflexão coletiva de como sai dessa situação. O instrumento é bem prático. Foi distribuído o painel e a metodologia para que as coordenadoras tenham condições de trabalhar em suas bases.

 

 


 

 


3.      Refletindo a situação da ANP nos estados e Eleição da secretaria.

 

No Pará a situação da urina nos levou a fazer diversas reuniões, isso durante a pandemia. Tivemos  avanços no reconhecimento da ANP pelo INSS, isso provocou uma  melhora o atendimento as pescadoras e pescadores nos Posto de saúde.

As colônias dos pescadores chamaram para fazer parcerias – isso é um avanço.  Tem perspectiva de avançar com articulação das pescadoras no estado.

Onde precisa melhorar: ter recursos financeiro para articular nas regiões. Foram feitos rifas, bingos para arrecadar recursos.  Isso tem ajudado mais ainda é um desafio para o tamanho do estado, mas precisamos chegar em outras comunidades.

No Ceará desde do Petróleo que afetou diretamente as mulheres, acendeu uma luz que a ANP precisa trabalhar mais com as mulheres-  A Pandemia prejudicou o processo de articulação das mulheres- Depois veio a doença da  Urina preta, foi realizado audiência- continuamos os encontros estaduais.

O projeto da Eólica no mar será mais um problemas que afetará o território pesqueiros e que temos de enfrentar.

Precisamos de apoios financeiros, fazer campanha. Fazer projetos , de provocar a chegada de jovens no grupo.

Apoio da Fiocruz- nas pesquisas sobre a contaminação está sendo importante para levantar o impacto do petróleo nas vida das pescadoras e nos pescados.

Na Bahia- o que aprendemos durante o crime do petróleo? o aprendizado foi a venda justa e troca de alimentos, a plantação de hortas comunitárias, não é suficiente para garantir a sustentação das famílias mais foi grande passo. Construção da casa de farinha comunitária, laboratório fitoterápico  e o Convenio com UFBA- na questão de acompanhamento a saúde.

Avanço de formação dos jovens – Elionice é considerada por nós aquela que abriu caminhos no espaço da universidade é por sensibilizar outras pessoas  para nossa causa...

Importância da juventude para avançar no acesso à tecnologia

Avanço das drogas nos nossos territórios- com a chegada dos grandes projetos quem morrer é a juventude e mulher.

O que podemos melhorar: Educação, o fato que tem muito pescadores ocupando a universidade tem incomodado muita gente, tentativa de constranger, desmotivar.

As mulheres assumem ser feminista mais precisam ser mais solidária com os problemas com as outras nos estados- cuidado com fragilidade do MPP e da ANP.

Ormezita- Tensão interna do MPP e CPP, situação deligada. Está deligada e o CPP nacional está cuidadoso em se posicionar. [i]

No Espírito Santo- tem apoio do MPP, CPP- com a pandemia- Não teve encontro nacional  que estava previsto a ser realizado  no estado.  Faz muito tempo que não temos  encontros no estado e nos municípios .

Desafios: rearticular o estado, que está desmobilizado. Se Articular com as mulheres mais próximas

Participar da conferência da saúde, da mulher- as conferencias está sendo centralizada.

Tem a perspectiva fazer encontro de pescadoras  em julho de 2022.

Maranhão-  O estado está desorganizado- tem grupo de mulheres que faz artesanatos, com a pandemia enfraqueceu muito. A colônias desmotiva as mulheres a participar de articulação.  Com as reuniões da saúde muitas mulheres se libertaram das agressões dos maridos.

No Maranhão não estão organizados, mas consegui chegar em lugar onde não tem ANP é MPP. Falta apoio de um projeto para chegar em mais pessoas, lugares.

Desafio é fortalecer a os movimentos- tem uma formação MPP e ANP de forma conjunta- foi formado uma comissão: Ana Hilda, Dona Francisca, Vanessa,...Dia 14 vai ter reunião na Camboa Maranhão. Valorizar a participação das jovens. Retomar o apoio do Ceará para fortalecer o estado do MA.

Paraná-  A ANP não conseguiu avançar, com a pandemia ficou mais difícil, perdemos o contado com as pessoas . Tem associação das mulheres, estamos articulando as mulheres, tem muitos problemas nos territórios .

Desafio é fortalecimento da articulação das mulheres, .

Rio Grande do Norte- Na pandemia, as mulheres foram muitos prejudicadas , conquistaram ajudas com cestas básicas.

A ANP está fortalecida, está em 8 municípios, e nas diretorias das colônias e na federação, nos conselhos de saúde, no conselho da pesca.

Em 2022 já realizamos 3 rodas de conversas. Dificuldade é o financeiro, para fazer mais atividade da ANP. Estamos dando bons frutos. Vivendo melhor momento.  Em Muriu fez uma vaquinha para ajudar nos eventos. Eventos com mais 60 pessoas.

Santa Catarina-muito problemas nos cadastramentos do RGP, as que já foram feitos há tempo mais nunca chega.

Em 10 de maio abriu a  pesca da tainha- a pesca é liberada por sorteio. Isso por que tem controle da  pesca. Mas causa problemas com os  pescadores, que fica sem pescar.

Com a pandemia a situação ficou mais difícil. Fizemos uma roda de conversa, mais precisamos de apoio para ir para outras comunidades.

Avanços: Ipagre realizou cursos para mulheres- 2021.

Luta a anos  para abertura da barra, agora com as chuvas foi aberta.

Perspectiva- fazer o projeto para resgatar a culinária tradicionais- Sabor e saberes.

Desafios ter mais uma pessoa para avançar na articulação e para fortalecer mais na base. Regina é grande apoio.

Minas Gerais  – sem carteira, sem auxílio maternidade, auxilio doença, sem aposentar. Falta recurso financeiro, contamos ajuda do CPP. Vai acontecer encontro de mulheres em 29 a 30 de julho- em Januária. Seminário sobre território e perda de direitos

O contexto grave, tem famílias inteira na proteção judicial, por causa dos fazendeiros que querem tirar as famílias dos territórios. Em agosto terá audiência pública.

Amapá-  A articulação está mais localizada em Bailique, já havia trabalho com mulheres antes de conhecer a ANP. O movimento enfraqueceu- mas depois que conheceu a ANP fortaleceu mais , e levamos o nome ANP.  Já fomos para outras colônias e não querem o movimento, porque tem medo .

O Felico é MPP, e juntos nos fortalecemos nas lutas. São 48 comunidades atingida pela colônia- o pessoal só  paga colônia na época do defeso.

Fazemos reuniões com poucas mulheres, porque com muitas os custos sobem. Hoje o combustível está em torno de R$8,50. Também faz reuniões em  Macapá

Dificuldade financeira. Avançar nas outras colônias para levar o nome da ANP e MPP- dificuldade em registrar as atividades(fotos, registro)

Foi realizado Fez protocolo comunitários-(protocolo de consulta) mas não  mudou nada para comunidade.

Perspectivas Fazer um projeto para ANP  para ajudar os estados e realizar Encontro de mulheres marcado 12 a 13 de agosto.

Piauí -Por questão de saúde as representante do Piauí não puderam participar do encontro. Mas Maninha- que participou do encontro estadual partilhou a realidade do estado. Foi realizado  trabalho de base nas comunidades e depois teve encontro. A ANP está bem estruturado, tem apoio do professor Vlademir, da Fiocruz. Foi bom a participação da juventude.

Perspectiva de levar a ANP para outros espaços. Tem apoio  do MPP, Dona Celeste é um exemplo porque ela é MPP e ANP.

PE- Joana- o crime do petróleo afetou diretamente mais o litoral sul mais atingiu todo estado.

Tem gente doente- não teve ajuda do governo, fez cadastro nas colônias , alguns receberam o auxilio do governo . governo do estado foi omisso com  a pesca. A Pandemia, gerou muita fome e adoecimento e morte. O apoio do CPP, FASE, SOS Corpo para garantir cestas básicas e no acompanhamento psicológico.

Situação foi muito triste, sem nenhuma ajuda- IABS ajudou – passou 3 meses dando cesta em Itapissuma. E realizou estudo no canal de Santa Cruz para ver se  o pescado no cana de santa cruz estava  contaminado , mas foi detectado que não estava.

Foram realizados 8  rodas das conversas que vem fortalecendo as pescadoras e a ANP com apoio do SOS Corpo e CPP.

As enchentes vêm prejudicando mais uma vez a vida das pescadoras e dos pescadores– Até o momento não teve ajuda do governo que tem é ajuda de outros órgãos.  desafio é receber o chapéu de palha.

Perspectiva Encontro Estadual ANP, em 11 a 13 de julho, com participação  2 pescadoras de cada comunidades. Encontro de 2 encontro litoral norte 16 de agosto e 13 de setembro de 2022. Com apoio do CPPNE, FASE e SOS Corpo.

Homenagem da Vereadora Dane Portela – do PSOL- aos movimentos Feminista e a ANP como articulação de luta pelo Direitos das Mulheres Pescadoras

4.      Eleição da coordenação: aconteceu por indicação.

 


Foram indicado Piauí e Pernambuco, sendo que Pernambuco se retirou e  por unanimidade o Piauí foi  para assumir a  secretaria.



 


sábado, 21 de maio de 2022